terça-feira, 23 de dezembro de 2008


A monotonia apodera-se dos dias, os ponteiros do relógio recuam em sentido contrario como se de um relógio cronometrado se tratasse. Passagens curtas, que me aparecem num fechar de olhos como um flash que me encandeia na direcção do futuro, que me empurra para o passado que me bloqueia o presente. A companhia é entre o fumo, quase analgésico de uma dor invisível, que consome um sorriso, que acompanha uma angustia ... a cada inspirar procuro um pouco de mim, longe de alcançar uma mão que conforte a falta dos sinais.


"
Se não conhecesse o fim em que havia de parar, amando, talvez chegaria a padecer os danos a que não havia de chegar se os previra."

Padre António Vieira

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eu sinto
... na minha pele permanece vontades. Respiro desejo, suada de fantasias, faminta de um corpo.
Posso tocar na minha alma, o prazer de me descobrir ...

Descubro que não conheço o Amor, porque se o conhecesse não o amava.
Conheço o meu corpo apenas, conheço até a alma, é apenas um corpo, desejado até mal tratado,conheço as suas vontades evitando sempre a maldade, mas não conheço o Amor é apenas um corpo vazio, inquieto de momentos, preenchido de sentimentos mas desconhecido do Amor.

Não o posso oferecer, mas é inevitavél o guardar ... entrego-me sem que sinta a sensação de que me o roubaste ... entrego-me em troca de um corpo, um corpo que não saiba o que é o Amor ... que desconheça a fraqueza, que alcance sonhos insanos, que não compreenda mas que entenda que não quero saber o que é o Amor. Não existe voz que consiga alcançar a angustia do prazer de um corpo, não há mãos que consigam satisfazer... Há apenas um vulto alcançado pela sombra de um corpo distante que alimenta uma faminta vontade de o sentir.



Não quero Amor, não me dou ao prazer de o conhecer, quero apenas sensações, quero corpo, um corpo nu, envolto nos meus braços, que sinta o pulsar das minhas vontades, que entenda os meus desejos, que me desperte com ferocidade que me alimente o vazio das minhas entranhas ...Não era isso que eu queria? Não conhecer o Amor?
Apenas alimento um corpo com vontades ninfomaníacas, crescido para me oferecer, vazio de sentimentos puros, cheio de sentimentos obscuros, criticados e rejeitados, desejados e procurados. Num corpo despido de pudor entrego-me, ofereço-te, dou-me ...


Não existe Amor, de mim só poderás roubar um corpo. Só vais conseguir alcançar prazer, sensações e emoções , nunca me vais magoar.
O meu corpo, nunca ira saber o que é o Amor .


"Até agora, nunca tinha amado as suas amantes, havia algo nele que o levava a tomá-las demasiado depressa para ter tempo de criar a aura, a zona necessária de mistério e desejo que lhe permitisse organizar mentalmente aquilo que poderia um dia chamar-se Amor. "

Julio Cortázar

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Continuo a construir, a descobrir o enigma das nossas vidas, mas recuso-me a montar a peça que dará um ponto final, não e tempo de morrermos ... enquanto isso observo sem contestar!
... é a tua vez de construir
... junta a peça do presente e retira a do passado!

"Devias ter orgulho de seres a melhor de todas"
M. R.

Serei eu a puta de um fraco?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Se tanto te compreendo...

Posso alcançar-te?

... Dá-me a mão!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Um dia a cortina irá abrir-se , nela irás encenar o papel que tanto procuras. Poderias fazer parte de uma cena do "Ballet Rose" onde dança dos corpos é mais vivida que dançada. Não deixo de ser a principal em palco, a puta triste sedenta de amor. A puta amante da voracidade, intensidade aquela que sabe a cor os teus pedidos, desejos, fantasias oprimidas e vividas .
Terás que contracenar , aos sons dos gemidos, no tropeçar dos cheiros, na troca de fluídos, no cruzar de sabores... a cortina só encerrará quando saciados pelo cansaço se ouvir um bater de palmas silencioso.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Construí uma ilusão.
Vivi cada momento ... apaixonado ...sentido... sofrido ... inesquecível
Fui.
Amiga ... Segredo ...Mulher ... Amante... Confidente ...

Sou.
Inconformada... Desejada ... Mal tratada ... Amada e Odiada.
Quero.
O teu interior... o teu sabor...Luxuria... O teu amor ...



Falta-me.
O cheiro ... O arrepio na espinha ... O beijo sentido ... As mãos inquietas ... A dor desejada ... A pele molhada ...
Desejo.

Um bocado de Nós ... Um desejo incansável... Uma cumplicidade perfeita ... Um vicio permanente ... Um desejo incontrolável ...Uma fome de Nós...



Peço-te.
Somente um bocadinho de ti.
Crescer ...
... construo todos os dias, o meu puzzle de vida, aquele em que as peças não encaixam, aquelas que teimam em ficar, mesmo fazendo parte do tabuleiro, mesmo que possam vir a desfigurar o sentido da minha vida ... Quero-as!
Escondem-se dentro de um a caixa amolgada pelo tempo, guardadas num baú num sótão frio e húmido,quero aquelas que estão guardadas, acompanhadas de uma corda de saltar, de um pião sujo e velho e de pequenos berlindes que ainda brilham e dão cor a tudo aquilo que um dia foram por tempos, dias até anos. Cada peça o seu segredo, o seu sorriso, um olhar, transmitem gestos e gritos, algumas fazem-me chorar outras apenas recordar. . .
... Os meus vestidos em godé, que não me cansava de rodar, girar de braços bem abertos ficar tonta e sorrir , um sorriso sem maldade, inocente, inofensivo ...
... Um correr sem fim de estrada, um I Love You numa folha de sebenta, um pó de giz na minha sacola ...
... Quero-as de volta ...
Quero de novo lá entrar... ser criança e saber construir um puzzle diferente os crescidos, quero saber reagir aos grandes, aqueles que me repreendiam por fazer batota na macaca, que me obrigavam a comer tudo, que me faziam escrava do relógio ... quero compreender o mundo de todos eles, aqueles que me fizeram Mulher ...
Devolve-me ...

... a peça, mesmo que ele nunca se monte por completo!


Mas a peça que agora me falta, é a peça do presente!


... ... ... Devolve-me!






terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Acorda em sobressalto, apenas pensa num bocado de carne, bocado esse que a leva á estúpida manifestação desespero através dos olhos. Observada pelo nada, nada esse, cheio de ódio e amor, atordoada pela cheiro que por ali habita, tenta recompor-se ... tapar a ferida, que com a boca lhe arrancaria um pedaço da vida.
É excessivo, é abusivamente irreal mas ela sente-o ali ... é a doce dor do querer, a ressaca do dependente como se de opio se tratasse ... falta-lhe o fumo, na ausência dos sinais .

Precisava de algum encantamento, como se fosse uma canção de embalar , adormecer bastava-lhe para voltar ao mundo dos normais, aqueles que com a força superam o inevitável.
Aqueles que com vontade se amam a si próprios. Perguntou ao silêncio do porquê amar, apenas lhe responde:
- Não amas .
-Ele já não é um corpo... ... é já só um vulto.
-O que pensas ser desejo... ... é cansaço.
-Descansa!


... Descansarei!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


Acompanhada pela chama, por aquela que me observa ... a cada gota de cera um sentir de prazer ...
Pele, é nela que sinto a dor ... um arrepio no escuro, uma vontade que me invade, um lado masoquista que se apodera.
Dor, bem no fundo, explora até ao mais intimo das minhas entranhas, deixa-me libertar entre os poros o mais tresloucados dos prazeres, num morder de lábios, numa boca seca, bebe-me ...
Língua, sentidos, delírio ... mágica, libertadora de gemidos, gemidos esses que me proíbes de prenunciar, beijas-me mordes, provocas... fazes querer ... desejar ... delirar...
...
Porque conter?
Deixo-me beber?...
... Seria fácil, tomarias a cada fluido um pouco de mim, dos meus segredos, das minhas vontades, desejos ocultos, famintos de ti, dele, dela ... Tomaras o mais doce e verdadeiro dos prazeres. Prazeres esses que não escondo, vontades essas que não ignoro, mas são minhas,apenas minhas e sem elas não seria ninguém, não seria nada, era apenas uma mulher vazia. Preciso de sensações, olhares, toques, preciso ... de prazer
Quero sentir o gosto, porque gosto... Vicia-me
Quero sentir a língua... Solta, movimentando-se
Quero-me sentir intensa ...
... Porque o gozo, sou incapaz de o controlar...
Entrega-te ...
... Toma de mim
Em que a carne despida e nua ... é tua.
Abusa ... escreve, tatua na minha pele... os teus sons, as tuas palavras, os teus dedos ,o teu cheio ...
...

... Inquietante, sensação de mais querer
Morde-me a pele, sabe a mim suada de ti ...
Entrego-me, rendo-me ... mas não roubes de mim ...
Exausta..
... O corpo grita sem ser ouvido , implora, precisa de outras mão, precisa de outro corpo ... precisa de ti, precisa dele. Só ele me consegue beber, atraiçoa-me a mim mesma...
Desejo-o ali ...
...Procuro-o entre o escuro, entre corpos exaustos, famintos ... O meu grito e constante, silencioso na procura, incansável no olhar ... tarda em sentir o teu toque, lentamente apodera-se o nada, apenas um corpo adormecido pelo cansaço ali ao lado.Não me peças para te cuidar, não o seria capaz, quero-te apenas pelo corpo, desculpa!... pela fome, sei que estas faminta!... pelo desejo sei que não me o vais negar...
Ouço os teus murmúrios e palavras de conforto, sinto toques e carinhos, recebo beijos em troca de abraços, mas não deixa de ser um corpo, um corpo qualquer, que me acalma a fome, que me faz transparecer aquilo que na verdade sou, que adoeço no mundo por falta de amor.
...