terça-feira, 22 de dezembro de 2009




Desigualdade
Miséria

Desumano
Fome 
Guerra
Esquecidos
Direitos humanos 

Sofredor 
Pobreza

Incompreensível 
...

Feliz Natal
[Secret@]

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009





 Quem és tu?
 Quem sou eu?

Eu sou aquela que te ama a ti e o venera a Ele. Quando te escrevo, escrevo para ti. Sou quem gosta de te sentir mas quando te sinto estranho sentir-lo somente a Ele.  Somos Eu, Tu e Ele, o Sexo.
Quem és Tu?


[Secret@]


Tinham passado um dia e uma noite inteiros nus, juntos, e durante a maior parte desse tempo não mais do que alguns centímetros afastados. Desde bebé que ninguém, além dele próprio, tivera tanto tempo para examinar como era feito. Como não havia no longo e pálido corpo dela nada que ele não tivesse observado, nada que ela tivesse ocultado e nada que ele não conseguisse recordar agora com uma percepção de pintor, com o conhecimento estético meticuloso e excitado de um amante, e como passara o dia inteiro não menos estimulado pela presença dela nas suas narinas do que pelas suas pernas abertas nos olhos da sua mente, a conclusão lógica era que não podia haver no corpo dele nada que ela não tivesse absorvido microscopicamente, nada naquela extensa superfície onde estava gravada a sua singularidade evolutiva auto-adoradora, nada na sua configuração única como homem, na sua pele, nos seus poros, nas suas patilhas, nos seus dentes, nas suas mãos, no seu nariz, nas suas orelhas, nos seus lábios, na sua língua, nos seus pés, nos seus testículos, nas suas veias, no seu pénis, nas suas axilas, no seu rabo, no emaranhado dos seus pêlos púbicos, no cabelo da sua cabeça, na penugem do seu corpo, nada na sua maneira de rir, dormir, respirar, nada nos seus gestos, no seu odor, no modo como estremecia convulsivamente quando se vinha que ela não tivesse registado. E recordado. E reflectido sobre.
A causa disso era o acto em si, a sua intimidade absoluta quando não só estamos dentro do corpo da outra pessoa como ela nos envolve estreitamente? Ou era a nudez física? Tiramos a nossa roupa e deitamo-nos na cama com alguém, e é na verdade aí que vai ser descoberto o que quer que escondamos, a nossa particularidade, seja ela qual for e seja como for que esteja codificada, e é aí também que está a origem da timidez e o que toda a gente receia. Quanto de mim está a ser descoberto nesse louco lugar anárquico? 

Agora sei quem és.

Philip Roth

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009






Há jogos arriscados onde se esquecem as regras. Cuidadosamente atenta à defesa , deliciosamente entregue ao ataque.
Jogas? [Secret@]


Sexo, esse minúsculo ponto feminino, em torno do qual gira a máquina do mundo.


Carlos Drumond de Andrade


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009



Também tu, enquanto os outros ocuparem a tua vida
com o seu passado a renovar-se numa ânsia de tortura,
também tu ia agora escrever, como poderás viver por ti
se a colecção de boas intenções que mostras aos outros
parece um almanaque ultrapassado
e o respeito que possas cobrar pela obra afectiva
será sempre uma moeda antiga fora de circulação?

Estava para escrever como pode uma mulher amar alguém
se dentro dela não sente o que os outros sentem por ela,
tudo numa compilação de trelas e coleiras elegantes
como as palavras desse tratador de mulheres domésticas
a pastar as suas tristezas nos seus domínios de cultura perversa.





Fernando Esteves Pinto