sábado, 27 de novembro de 2010



Dou-te a última frase, se a quiseres. Se me a conseguires tirar, será do meu corpo. Depois disso o que farás quando a mentira não salva e a verdade condena?

[secret@]



Ela disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele disse: Sou um rio.

Ficaram em silêncio à janela
cada um à sua janela
olhando a sua cidade, o seu rio.
 

Ela disse: Não sou exactamente uma cidade.
Uma cidade é diferente de uma cidade esquecida.

Ele disse: Sou um rio exacto.

Agora na varanda
cada um na sua varanda
pedindo: Um pouco de ar entre nós.

Ela disse: Escrevo palavras nos muros que pensam em ti.
Ele disse: Eu corro.

De telefone preso entre o rosto e o ombro
para que ao menos se libertassem as mãos

cada um com as suas mãos libertas.
 
Ela temeu o adeus, disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele riu.
                 
Filipa Leal


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