quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009


Que poder é esse que ta
nto me atraí?


Algum dia eu haveria de entrar na normalidade dos que te amam. Amo-te. E dói escrevê-lo (que é pior, meu amor, do que dizê-lo). Amo-te absolutamente, impossível e fatalmente. E ouço, adolescente, uma música adolescente, para me lembrar de ti, porque lembrar-me de ti é lembrar-me que não consigo esquecer-te. E ouço música porque ouvimos música quando amamos, e tudo, no amor é música, acústica da alma que quer ser devorada, e, neste caso, dor (tão deliciosamente insuportável) de amar sem sequência nem expectativa de contrapartida, amar unicamente o puro objecto que desgraçadamente amamos. Isto é uma carta de amor, e é possivelmente ridícula prova maior de que é, realmente, uma carta de amor, ou porque perdi o hábito de as escrever, ou porque nunca tive a coragem de as enviar. Não percebes porque é que não te falo? Ainda não percebes que, na personagem que de mim eu enceno, não cabe a ameaça de uma derrota, a antecipação do desencanto, a sombra de um vexame? Não te falo, para não saber que o que eu te digo é apenas a forma contida de te dizer outra coisa, mas que essa coisa não é do teu mundo, nem do mundo que eu construí, nem do precário mundo que a nossa fragilíssima ternura mútua arquitectou. E tudo isto é literário, eu sei, mas – que queres? -, a literatura é o melhor de mim e é o melhor de mim que vive dentro da minha cabeça quando estou contigo. E depois afastamo-nos. Beijo-te a correr, não sei se já reparaste, e quase fujo, porque sair de ao pé de ti é regressar ao que não és tu, o teu olhar e as tuas mãos, a tua alma e a tua voz, e isso, meu amor, transformou-se no insuportável intervalo entre dois encontros. Esta carta de amor é um excesso (e isso prova superiormente que é uma carta de amor): eu amo não a ideia de amar-te (durante muito tempo eu julguei que era apenas isso), mas a ideia de perder-me no meu amor por ti. E mesmo amar-te é um excesso, porque tudo aconselharia que eu me limitasse a mitificar-te, que é a melhor forma de evitarmos enfrentar a realidade. Porque a realidade, aqui, é como uma dor difusa, tu sabes como é, um incómodo ainda não localizado, que progressivamente se vai definindo e acertando, até que, insuportavelmente nítida, a sua imagem se nos impõe como uma evidência. A minha dor é que eu comecei a amar-te, sem o saber, durante aquele breve período de tempo em que sair de casa era a promessa reconfortante de ver-te e falar contigo. Eu não sabia, repito, mas o tempo ajudou-me a definir essa pequena dor, tão secretamente pavorosa: cada vez que estou contigo (cada vez mais, meu amor, cada vez mais) é como se a minha vida se virasse do avesso. enha naE é verdade, é cada vez mais verdade, que, quando penso nas coisas que ainda me falta fazer na vida, é em ti que penso. E tenho medo, como um animal que instintivamente foge do que sabe não poder atingir. Eu penso em ti, ainda mais do que te digo, e tu estás em tudo, mesmo quando não te penso, tu és a grande razão, o horizonte sem nome que constantemente se des minha imaginação de mim. Há uns anos, este seria o momento de desmontar o discurso desta carta, de te mostrar os subtis mecanismos da alma e da máscara, de desdizer ironicamente o que já disse, de insinuar que, afinal, as-coisas-talvez-não-sejam-exactamente-assim. Mas as coisas são exactamente assim, e a carta, que poderia transformar-se num confortável exercício paródico, é, inevitavelmente, uma agonia e um embaraço. Esta carta é um acto de puro egoísmo, que eu até talvez nem tivesse o direito de praticar. É-te incómoda, necessariamente, e isso bastaria para que eu me abstivesse de a enviar, dentro de um envelope azul. Mas o azul fica-te tão bem, e as cores todas em ti como tu ficas no mundo: exactamente. Mas, repito: esta carta é um acto de puro egoísmo, é como se não tivesse destinatário. E, no entanto, é preciso enviá-la para que seja uma carta de amor, para que faça sentido como carta. Para que seja amor. Mas podemos imaginar uma saída elegante: para que possas conservá-la como pura carta de amor, quero eu dizer, sem o embaraço de saberes que ela te foi escrita por alguém que não amas, não a assino. Dou-te tudo: até a hipótese de esta carta não ter sido escrita por mim. (E não, esta carta não pode ter sido escrita por mim. És tu – em mim – que me faz escrever o que eu não escrevo. E isso é – de novo – o melhor de mim.)

António Mega Ferreira


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Não deste por mim. Fugi mas depressa voltei, viro-me, rodo a tua volta, quero gritar mas as palavras teimam em não sair. Perco-me mas logo que te encontrei envolvi a minha presença junto ao teu ouvido para te segredar em silencio o mais inquietante dos meus sentimentos.
Amo-te

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


Abre-se a cortina. Invades o meu espaço com a tua imagem, silenciosamente acaricias-me por dentro, passeias pelo meu corpo, estimulas o meu interior. Os olhos observam o pulsar do meu coração, tocas nos meus sentimentos em actos de pudor. Observas o meus sonhos, encostaste na espera da minha essência, entre movimentos tresloucados de puro desejo de nós. Não se torna invisível a vontade, não me canso de me sentir observada, invadida, desejada. Anseio, intensamente os impulsos dos nossos corpos, observados pelo branco da parede, acompanhados pelos ruídos tenebrosos de uma vida para la do branco,para lá de uma janela fechada, uma vida normal que teimamos em fugir. Não me estranho, não sou estranha, sou diferente... és uma parte que me completa, somos feitos de nada, somos amantes de tudo. Não me escondo, ofereço-me ao teu encontro, procuro entre o teu corpo o meu ninho de prazer, danço entre as tuas curvas suadas. Grito, molhada e amordaçada no silencio dos nossos corpos, onde a visão dá lugar a um presente e cai no esquecimento o passado. Esqueço os sorrisos de crianças, envolvo-me na personagem de mulher possuída à arte da dança corporal. Vagueio pela minha pele adormecida, na companhia de um fantasma despido, que te atreves a invadir as paredes das minhas entranhas. Tornas-te confortável, num vulto real somos fantasma um do outro, penetramos nas mais belas fantasias, saciamos os corpos, matamos desejos, transformamos-nos em fantasmas vivos.

"Os seus olhos...é impossível descrever os seus olhos, a não ser dizer que eram os olhos de um orgasmo."

Anais Nin

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


Entras sem pedir licença, invades o meu sonho com leveza, atreves-te a caminhar entre os meus pensamentos. Descobres o mais intimo dos meus afectos, onde me denuncio, onde sem censuras me confesso.
Queria trocar os sonhos, ser diferente da incompatibilidade de nós mesmos, sonhar-te, embriagar-te de paixão, lancetar a cicatriz do mal julgada, correr entre cores, abraçar-te entre o preto e o branco oferecendo-te a nitidez da minha força, aconchegar-me á tua pele, ficar suspensa nos teus braços, colados e suados de uma fome selvagem de nós, onde quando não vale, vale tudo. Quero sonhar com a tonalidade do teu sorriso, onde a noite escura me possa mostrar as cores da tua pele. Confundir a realidade do delírio, onde os corpos tremem e dão transparência as nossas vontades...

... deixas-me adormecer para te voltar a sonhar ?


...



...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


- Tenho frio.
- Aproxima-te aqui.
- Sinto-me triste.
- Sorri que logo passa.
- Tenho raiva.
- É porque ainda o amas.
- Apetece-me chorar.
- Enxuga as lágrimas na tua almofada.

sábado, 7 de fevereiro de 2009


Porque existem coisas impossíveis de descrever, escrever ou traduzir por palavras em letras soltas. Guardo-as só para mim e para ti! Um segredo meu, teu, nosso e de quem faz parte do nosso mundo.
Preciso confessar-te urgentemente!
...

...

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Consegui!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


O inicio de um jogo arriscado. Prevalece a sedução o erotismo e o risco. Surge o medo, questiono as duvidas. Atrevo-me a arriscar!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009



No silencio de uma sombra, acompanhada por um cigarro, uma manta que me abriga um corpo nu. Procuro entre as curvas dos vultos a razão da minha nudez, quanto mais fujo dela, mais me revela. A verdade da carne tenta distorcer-me, o oculto da sombra tenta desnudar o mais intimo dos segredos, o mais doce toque dos prazeres.
... Sinto-me


(Foto of Secret@)

domingo, 1 de fevereiro de 2009


Silencias-me as palavras , sobram poucas as que nos ligam. Palavras proibidas que se calam,que sufocam na garganta que dão lugar aos sentidos. Procuro no toque a imaginação, o desejo.Desato as amarras, que me enforcam, quero-me sentir.
Quero ver através da escuridão o meu ar submisso, quero sentir o teu olhar insinuante. As minhas pernas distanciam-se, sem pressas, faminta, deslizo. Procuro na minha pele, entre poros suados de tesão, o sentir-te dentro de mim. Entre o sonho e o juízo, sinto-te... Entre a escuridão e a cegueira,toco-te... entre as palavras ditas e o silencio, peço-te...
Contorço-me entre as minha mão, soltando gemidos perdidos, escandalizando o vazio que me acompanha. Impossível revelar sensações, visivelmente deixo a minha essência escorrer sobre as minhas coxas. O tacto revela-me a tua língua onde bebes os meus restos, onde satisfeito te veste não tarda desapareces... Atada as amarras dos sentidos, sinto os teus passos entre a escuridão cada vez mais distantes, não distinguido se é a realidade ou a imaginação. No silencio das palavras, a visão que não te alcança, em delírio de não te escutar, a tristeza de não te ver... Espero-te!