quinta-feira, 13 de novembro de 2008



Um simples toque no interruptor pensaria ela que fosse o suficiente para apagar memórias recentes, vividas, sentidas . Pensava ela que no escuro encontraria um escudo para a defender da
dor da ausência, da ansiedade da saudade, da tristeza da perda...
O silêncio da noite, a tranquilidade da escuridão transmitia-lhe pensamentos breves, momentos de pura simplicidade, pensava que na troca da escuridão a noite lhe devolveria breves e inesquecíveis momentos. Encontrava uma posição para se defender do mínimo ruído que lhe pudesse matar aquele momento por que esperava todos os dias... o cobertor que a cobria, a almofada que a escondia o lençol que as lágrimas lhe enxaguaria ... juntava apenas os joelhos, escondia a cara por vergonha de mostrar ao escuro o quanto sofria ... mas de olhos cerrados sorria ! Ali vivera todos os momentos, bastava-lhe recordar para ganhar asas para voar, para que tudo fosse mágico. Continuava escondida, protegida ... com a mesma posição se mantinha, sossegada, apenas acompanhada pela respiração
ansiosa, tudo fazia para que o tempo não corresse de acordo com os momentos que já tinham desaparecido, que ela não acreditara de que o passado jamais ocuparia o presente. Persistente , permanecia de cara escondida , uma lágrima solta num sorriso dado em vão ela sentia um beijo eterno, um abraço apertado. Cerrava-os com mais força, num arrepio frio, num pedido de "preciso-te" ali sentiu um toque sentido quase em câmara lenta ... Permanecia a interrogação, do porque ser assim ... entre lágrimas e vazio, solidão e magoa ... era apenas a Saudade que permanecia num corredor escuro, comprido de paredes sujas e portas, muitas portas, de onde ela teimava em não sair da sala de espera, sem nunca pensar que foi passado, e que agora só lhe restava entrar numa dessas portas apenas onde lá poderia encontrar o baú dos sonhos.

...

Sem comentários: