segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eu sinto
... na minha pele permanece vontades. Respiro desejo, suada de fantasias, faminta de um corpo.
Posso tocar na minha alma, o prazer de me descobrir ...

Descubro que não conheço o Amor, porque se o conhecesse não o amava.
Conheço o meu corpo apenas, conheço até a alma, é apenas um corpo, desejado até mal tratado,conheço as suas vontades evitando sempre a maldade, mas não conheço o Amor é apenas um corpo vazio, inquieto de momentos, preenchido de sentimentos mas desconhecido do Amor.

Não o posso oferecer, mas é inevitavél o guardar ... entrego-me sem que sinta a sensação de que me o roubaste ... entrego-me em troca de um corpo, um corpo que não saiba o que é o Amor ... que desconheça a fraqueza, que alcance sonhos insanos, que não compreenda mas que entenda que não quero saber o que é o Amor. Não existe voz que consiga alcançar a angustia do prazer de um corpo, não há mãos que consigam satisfazer... Há apenas um vulto alcançado pela sombra de um corpo distante que alimenta uma faminta vontade de o sentir.



Não quero Amor, não me dou ao prazer de o conhecer, quero apenas sensações, quero corpo, um corpo nu, envolto nos meus braços, que sinta o pulsar das minhas vontades, que entenda os meus desejos, que me desperte com ferocidade que me alimente o vazio das minhas entranhas ...Não era isso que eu queria? Não conhecer o Amor?
Apenas alimento um corpo com vontades ninfomaníacas, crescido para me oferecer, vazio de sentimentos puros, cheio de sentimentos obscuros, criticados e rejeitados, desejados e procurados. Num corpo despido de pudor entrego-me, ofereço-te, dou-me ...


Não existe Amor, de mim só poderás roubar um corpo. Só vais conseguir alcançar prazer, sensações e emoções , nunca me vais magoar.
O meu corpo, nunca ira saber o que é o Amor .


"Até agora, nunca tinha amado as suas amantes, havia algo nele que o levava a tomá-las demasiado depressa para ter tempo de criar a aura, a zona necessária de mistério e desejo que lhe permitisse organizar mentalmente aquilo que poderia um dia chamar-se Amor. "

Julio Cortázar

Sem comentários: