quarta-feira, 20 de maio de 2009






[Lindo e Inquietante]


Não dizia palavras, Aproximava apenas um corpo interrogante, porque ignorava que o desejo é uma pergunta cuja resposta não existe. Uma folha cujo ramo não existe, um mundo cujo céu não existe. Entre os ossos a angústia abre caminho, ergue-se pelas veias até abrir na pele jorros de sonho feitos carne interrogando as nuvens. Um contacto ao passar, um fugidio olhar no meio das sombras, bastam para que o corpo se abra em dois, ávido de receber em si mesmo outro corpo que sonhe. Metade e metade, sonho e sonho, carne e carne, iguais em figura, iguais em amor, iguais em desejo. Embora seja só uma esperança, porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe.

Luís Cernuda

2 comentários:

Roberto Ney disse...

Passei aqui para apresentar-lhes o blog " biografias horizontais". Trata-se de um blog de discussão de temas relevantes relacionados ao sexo. Contamos com a participação de vocês.
Grande abraço.
http://biografiashorizontais.blogspot.com/

Red Angel disse...

"...porque o desejo é uma pergunta cuja resposta ninguém sabe"

Tão verdade!