quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Lentamente aproxima-se o momento de te abrir a porta, a porta que se abre para tudo aquilo que somos. As paredes que guardam todos os nossos segredos, as janelas que nos transmitem a calma e a paz, lençóis que nos realizam todos aqueles sonhos soltos, suados de paixão, desassossegados pelo desejo, insaciáveis na procura de nós.


Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios? "Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fundo do mundo que me deste.

Nuno Júdice

1 comentário:

Lalisca disse...

Lindo mas prefiro as tuas palavras, porque são tuas.



beijos intrigantes...